Japão mora na Liberdade

Um pouco de história....

Com a chegada ao porto de Santos em 18 de junho de 1908 do Kasato Maru, 165 famílias japonesas, grande parte formada por camponeses, cheios de esperança, desembarcaram, para trabalharem nas lavouras de café do oeste do estado de São Paulo.

No período que transcorreu entre a Primeira Grande Guerra até 1940, vieram mais de 160 mil japoneses com o sonho de encontrarem aqui condições de uma vida melhor.

O começo não foi fácil, a língua era um dos maiores empecilhos, a alimentação era completamente diferente de tudo que eles já haviam provado! Mas foram eles que introduziram grande parte das hortaliças que consumimos em nosso dia a dia.

Muitos deles continuaram no campo, mas outros vieram para a capital, e em 1912 se concentraram no bairro da Liberdade, onde o aluguel era barato e a proximidade com o centro, estratégica. Em 1915 foi fundada a primeira escola primária Taisho Shogakko, para ensinar as crianças tanto o idioma português, como o japonês.

Na década de 40 a maioria dos nipo- brasileiros da capital vivia no bairro, com suas lojas de produtos orientais, lavanderias, pequenas fábricas que produziam Tofú e comércio em geral que atendiam a comunidade local.

Nos anos 70, outros asiáticos se instalaram no bairro e hoje há uma mistura de japoneses, coreanos e chineses.

A atual feição do bairro, com sua lanternas e portais ocorreu nos anos 70 graças à iniciativa da Associação da Liberdade e devido ao esforço desse povo empreendedor podemos compartilhar sua história, costumes, cultura e principalmente sua rica culinária milenar.... Arigatô!

Feira da Liberdade

Barraca do Tempurá

A famosa "Feira da Liberdade" começou em 1975 e atrai até hoje um grande público, desde jovens, crianças, idosos e turistas. São mais de 200 barracas de artesanato, roupas, produtos exotéricos, flores e muito mais. Mas o que realmente me interessa são as barracas de comidas típicas e produtos orientais que só encontramos aqui.

Barraca do Imagawayaki

Se a idéia é rechear o armário com condimentos, sakês, chás, biscoitos, doces, frutas e hotaliças, vá durante a semana, que é muito mais tranquilo e você escolhe tudo com calma, podendo descobrir cantinhos incríveis e saborear algo novo, pedindo informações as senhoras que estão fazendo suas compras para a refeição da família.

Rolinho Primavera

Mas se você quiser se deliciar com as barracas de comidas típicas, vai enfrentar uma multidão ávida por tempurás, yakisobas, takoyakis, guiosas, rolinhos primavera e muito mais. A dica é: chegue cedo!

A feira funciona todo sábado e domingo das 9:00 às 18:00 hs.

Camarão Frito

Imperdível é provar o tempurá de camarão com legumes da primeira barraca perto da parte que concentra o artesanato. Fora o tempurá, você irá encontrar espetinhos de camarão, bolinhos de carne, rolinhos primavera, camarão empanado e outras gostosuras.

Não saia de lá sem comer o Imagawayaki, doce típico feito com uma massa que leva farinha de trigo, ovos e água e recheada com o doce de feijão azuki, quentinho e saboroso. Ver o preparo já vale a visita.

 Outra parada obrigatória é a Bakery Itiriki, aberta em 2002 na Rua dos Estudantes, 24. Prove o Pão Chinês no vapor (Mantou), o Pão de Curry e o Kare Pan, recheado de legumes e frango, sendo que este último pode ser assado ou frito.

      

Para quem quer de tudo um pouco, vá ao Marukai, parece um mini supermercado recheado de biscoitos, balas, doces típicos de feijão azuki e moti, chás, sakês maravilhosos, bentos, que são aquelas bandejinhas de isopor com um mix de alimentos, desde sushis, arroz, peixe frito, gengibre em conserva e muitas outras combinações. Lá também é um lugar excelente para comprar facas japonesas, fica bem no fundo da loja, perto das cerâmicas e apetrechos de cozinha.

Conservas, temperos, massas, molhos, legumes frescos, tudo num mesmo lugar.
O Marukai fica na Galvão Bueno, 34.

Tokoyaki

Uma iguaria que a pouco tempo não conhecia é o Tokoyaki, um bolinho de polvo (Tako) assado. A massa é feita com farinha de trigo, água, ovos e dashi. Ela é derramada em uma chapa com cavidades esféricas, onde é adicionado o polvo cozido e temperos como o gengibre vermelho em conserva, cebolinha, repolho picadinho entre outros segredos. Depois de assados recebem um molho próprio chamado Takoyaki sauce.

Restaurante Rog He

Se ainda tiver espaço no seu estômago depois de tanta comilança, vale a pena passar no restaurante Rog He, conhecido pela arte em fazer macarrão chinês ao vivo. É um verdadeiro show de malabarismo, a cozinha possui uma parede de vidro por onde podemos assistir a proeza de fazer macarrão com as mãos e nada mais. No dia da visita pedimos o macarrão apimentado com frutos do mar que serve bem quatro pessoas, lá as porções são grandes e os preços camaradas. Fica na Rua da Glória, 622A, e seus telefones 3207-1206 ou 3275-1986. Nos finais de semana é bom ligar e reservar ou então chegue cedo, por volta do meio- dia.

Macarrão com Frutos do Mar

Ficaria horas e horas escrevendo sobre este bairro, suas lojinhas de souvenirs, quitandas com frutas e verduras fresquíssimas que parecem colhidas naquele instante. A descoberta de novos temperos e ingredientes nunca antes vistos é uma viagem sem sair de São Paulo! Temos muito o que agradecer a estes corajosos imigrantes pelos benefícios que nos trouxeram. Mais uma vez,
Arigatô!


Bom apetite!
Ale